domingo, 23 de outubro de 2011

O Caos que a Memória Confunde

Días de Ódio (1954), de Leopoldo Torre Nilsson.
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(...)EMMA: E você acaba de tornar-se uma peça desse jogo. Você é agora e é castigo, assim como é depois e será justiça, tudo ao mesmo tempo, neste tempo sem ponteiros em que nos encontramos. Porque com você, de algum modo eu estou vingando o útero que me abrigou e parindo uma nova Emma... um ser esculpido no mesmo sofrimento de minha mãe, todas as vezes em que ela foi...

HOMEM: Ahhhhhhhhhhh!!!!!!!

EMMA: (pausa) Meu pai... agora só resta vingar o meu pai. E você – que nunca entenderá nada do que se passou aqui – quando estiver voltando pra sua terra e pra sua esposa gorda e infeliz, naquele navio cheio de peixes e ratos, ainda lá você estará me ajudando na vingança que está pra acontecer. A hora está marcada. A engrenagem começou a funcionar. Neste momento três gerações mergulham na lava de ódio que jorra de dentro de mim.(...)"


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Trecho (aqui ilegível) de O Tempo Sem Ponteiros, de Diones Camargo. 



"(...) Os fatos graves estão fora do tempo, já porque neles o passado imediato fica meio truncado pelo porvir, já porque não parecem consecutivas as partes que os formam.
Naquele tempo fora do tempo, naquela desordem perplexa de sensações inconexas e atrozes, pensou Emma Zunz uma única vez no morto que motivava o sacrifício? Eu tenho para mim que pensou uma vez e que nesse momento perigou seu desesperado propósito. Pensou (não pôde não pensar) que seu pai havia feito à sua mãe a coisa horrível que a ela lhe faziam agora. Pensou isso com débil assombro e se refugiou, em seguida, na vertigem. O homem, sueco ou finlandês, não falava espanhol; foi uma ferramenta para Emma assim como esta foi para ele, mas ela serviu para o gozo e ele para a justiça. (...)"

Trecho do conto Emma Zunz, de Jorge Luis Borges.


Para ler o conto na íntegra, traduzido para o Português, CLIQUE AQUI.

Para ler o conto no original, em Espanhol, CLIQUE AQUI.



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